quinta-feira, 26 de janeiro de 2012



Havia uma dona moça que se ajeitava todo dia às 20h, ah!… havia. E a pobre da moça tinha uma puta expressão sofrida, oh dó! Se arrumava todo dia às 20h. Sem atrasar nenhum segundo. Havia uma moça, ah!… havia. A moça era branca-pálida e vestida sempre o mesmo vestido florido, dobrava sempre a mesma esquina e olhava sempre do mesmo jeito. Havia uma moça, meu deus!, que, por deus!… era sofrida, sentida, abatida e bonita por demais! Ó céus, nunca contemplei tamanha beleza novamente. E num dia perguntei a ela o porquê(s) de tanta repetição; perguntei sim. Assim: ‘de cara’. Perguntei a dona moça:

_Por que tanta pompa, tanto jeito, tanta repetição?

Olhou-me piedosamente e respondeu com o coração:
_Qualquer dia, seu moço, ah!… qualquer dia meu amado vem me buscar. Eu sei que vem.

Calei-me, virei-me e fui. Ela continuou a esperar, todos os dias, assim como outros milhões de pessoas também fazem - e eu sei que fazem -. Carregava de esperança o coração ver uma moça jovem e ‘creditada no amor. Dava fé, dava vontade de lutar… Seguir em frente. Sabes como é?

É que havia uma dona moça que se ajeitava todos os dias às 20h, ah!… havia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário