quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Helena de mente pequena.


Helena, estando exausta dos reveses da vida, levantou-se naquela quinta-feira cinzenta de setembro e resolveu ir a uma cartomante com o intuito de descobrir sobre seu amor perdido. Amor que talvez, nem existisse. Desejava arduamente um algo que preenchesse seu cinzento coração e que lhe fizesse esquecer do Mundo, num minuto que fosse. Helena queria uma data determinada para o fim de seu sofrimento e se bem me lembro, a cartomante envolta a um echarpe vermelho bordado com detalhes dourados delicados, cheia de pérolas (ou usando uma imitação tão boa quanto) fez questão de lhe dizer que o fim dos reveses da vida só termina junto com ela. Acredito que Helena não tenha entendido muito bem, mas sabia bem que ela se quer acreditava que se pudesse viver algo depois da morte… Uma coisa era certa: Helena só acreditava no que podia ver, tocar ou o que lhe pudessem provar e isso limitava seu Mundo.

Quando não se crê em nada e não se sente nada, não se vive. Apenas respira. O inferno é isso. O inferno é o não-sentir-mais-nada. Como ocorria com Helena. E sabe, pra uma jovem com a vida feita. Uma carreira definida e uma situação financeira muito estável, ela não tinha do que reclamar. Mas do que é que vale a vida sem um pouco de sonho? É besta dizer que a realidade nos comanda quando na verdade, é o sonho quem nos dá vida. Helena não tinha sonhos, apenas planos. E isso a afastava ainda mais do quase-amor que ela tanto procurava. Vazio é uma palavra curta pra nomear uma dor sem tamanho. Porque o vazio, meu caro, também é o inferno. O entregar-se e não ter-se, o irremediável, irrefutável. O sopro. Como uma tarde cinzenta e fria no porto. Vazio lembra desespero. Porque não ter ao que se apegar é coisa de louco… Mas cá entre nós, a loucura é necessária. A vida parece insossa sem os riscos, os quases.

Helena buscava em cartas e estrelas aquilo que só o seu coração podia ceder-lhe. O amor.

Helena era adepta da “sanidade-na-camisa-de-força”. Não acreditava. E, o amor é para os que acreditam.

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