domingo, 19 de fevereiro de 2012

E pelo seu perdão me tornei estrela.


Os dias sucedem-se com o vago espaço que ficou entre nós e de repente, eu. Tua falta me rasga, mulher! A música que ecoa nessa alma oca é o teu choro baixinho, e aquele teu perfume floral ainda assola esse coração mascarado. Sinto repúdio, mulher. Sinto repúdio da imagem que reflete no espelho. Desonra este amante solitário suas ações egoístas. E ainda parte. Praticamente despedaça ao meio a metade que me restou ser. Sou resto agora. Nem cacos mereço ser, mulher. Nem cacos!

Couberam a mim os farrapos, os trapos, os panos de saco. Couberam a mim as migalhas, a lavagem. Coube a mim tudo aquilo que quis: o sumo do sumo do resto da podridão em que me meti: a desonra de trair-lhe. Caí em pecado e agora estou a pagar pelo mal que lhe fiz — será que este é o inferno? Isto é o fim? —. Merecedor, eu sou! Urge a dor, urge o tempo, urge a lembranças das lágrimas que te fiz derramar.

Oh mulher, ser abençoado e protegido de Vossa Divindade, tenha dó desse amante torto. Mesmo não sendo eu merecedor, tombe-se a sentir piedade por esse ser humilhado e jogado as traças. Lembre-se que já fomos juntos amor e amantes, lembre-se do vinho e das rosas. Lembre-se de nossos corpos se unindo e se consumindo em paixão. LEMBRE-SE! (Em letras maiúsculas). Arranque-me desta prisão de me ser ou me mate de uma vez.

E no fenecer deste nosso amor manchado ei eu de dizer ainda:
“— Puis je suis devenu star par le votre pardon.” (E pelo seu perdão me tornei estrela).

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