quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Minha doce orquídea lilás,


como tens passado os dias? Sinto saudades de tua voz doce percorrendo este lugar vazio e aquela tua gargalhada deliciosa que costumava encher de vida esse canto sem cor. Perguntam-me vezenquando: o que houve com Helena? E eu, sem cor nem jeito, respondo:

_Foi ser feliz e ainda não voltou!

Minha pergunta é: quando voltas, Querida? Entreguei minha felicidade a Deus, colocando a tua em primeiro lugar. Em minha vida é assim, agora, Helena: primeiro você e depois você novamente. Aprendi a ser assim depois que se foi… Senti a falta do teu cheiro, do teus pés frios enroscados aos meus, das tuas rosas vermelhas na sacada da varanda… Sinto falta até de suas manias que nunca entendi…

Sua flor preferida, ah!… a orquídea. Daí a mania de te chamar de orquídea. As lilás lhe roubavam o olhar, e se mesclassem com branco, lhe arrancavam um sorriso espontâneo. As rosas enfeitavam nossas janelas e impregnavam o apartamento inteiro com aquele cheiro nostálgico de… eu não sei… talvez, quem sabe… amor. Amor e nostalgia só combinavam assim: com o cheiro das tuas mil rosas vermelhas. De rosas também foi teu buquê, aquele que usou em nosso casamento, lembra-se? Rosa-chá. Ou rosa-cor-de-chá. Tanto faz. Lembrou-me também as que tua mãe estava preparando para o teu velório… Velha maldita que planejava enterrar meu amor, Ó céus! ‘Cê tentou suicídio, Helena. Tentou, tentou… tentou sim. E foi por minha causa! Nosso amor, nossa paixão, nós… De repente virou eu e você. E por fim, só eu. Onde você está? Com quem tens andado? Isso tudo está me consumindo!

Pode ser que nem me ames mais, mas só você é paz. Você é redenção, meu amor. ‘Cê roubou meu coração com uma flechada só e depois correu tudo… Namoro, noivado, casamento e morte. Ou quase isso. Nosso amor quase lhe matou ou quem sabe, morreu primeiro e tu não aprendeu a viver sem. Destruí teus sonhos, Helena. Sim, eu sei que o fiz. Tornei torta e fosca tua visão do Mundo e sobre o amor só te sobrou cacos. Eu pensava onde foi que errei, mas agora pergunto-me: onde foi que não errei? Todos cometem pecados e Deus perdoa, mas será, Helena querida, que teu amor ainda me dará o escape e o perdão? Onde quer que estejas, não se preocupes em responder-me. Só fiques bem, minha orquídeazinha lilás.

“Em dois sóis te conquistei. Em cem, te perdi.”

Tardei a crescer, minha querida, mas meu amor não. Se cuides e plante rosas.


 Do teu, sempre teu, marido arrependido, Francisco.

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